

BIOGRAFIA
Abílio da Silva Mendes nasceu em 12-3-1886, em Mira de Aire. Homem forte, de elevada estatura, enérgico, de aparência rude ao primeiro contacto, rapidamente o seu coração bondoso mostrava o seu lado simpático e muito humano, sempre atento ao próximo. Conhecido pela sua serenidade, franqueza e simplicidade, foi um bom exemplo de amigo e conselheiro, renunciando às suas próprias comodidades a favor dos mais necessitados.
Outra das suas características mais marcantes foi sem dúvida a sua grande cultura. Homem de vasto conhecimento teórico e humano, mas acima de tudo com uma experiência de vida muito alargada, que lhe permitia ser dotado em várias áreas.
Foi ordenado Presbítero em 15-6-1911 e em 1912 viajou para o Brasil a seu pedido, de onde regressou apenas em 1931. Nessa altura escolheu vir para o Barreiro, onde chegou em Janeiro de 1932 como Pároco da Igreja Matriz de Stª Cruz.
Aqui incentivou e promoveu a criação de numerosas associações religiosas, através das quais estabeleceu e alargou o contacto com a população. Fundou também várias Conferências de S. Vicente de Paulo, através das quais, juntamente com os seus Vicentinos, pode ajudar ao mais carenciados e os doentes.
Em 1935 criou o 1º grupo de Escuteiros, utilizando mesmo o jornal local - O Povo do Barreiro - para mais facilmente chegar aos jovens. Nele chegou a afirmar que “…o escutismo não é somente uma série de jogos e divertimentos. É, além disso, muito mais: é uma escola moral e cívica.”
O escutismo, como Baden Powell o preconiza, teve neste sacerdote do Barreiro um defensor acérrimo, dando ele próprio o exemplo dos trabalhos que esperava dos seus jovens. E isto porque ele sentia ser importante sinalizar-lhes, não só a actividade, mas também as atitudes (serenas e confiantes). Os primeiros fardamentos foram mesmo confecionados por ele.
Integra-se no meio do povo. Colabora e compõe músicas e letras dedicadas a várias Instituições. Vende todos os seus bens para construir a casa paroquial e ajudar os pobres.
Colaborador assíduo do jornal local, pensa-se que até mesmo seu sócio fundador, Padre Abílio Mendes escreveu inúmeros artigos dirigidos aos seus paroquianos.
Em 1934, Padre Abílio Mendes criou a Sopa e Albergue dos Pobres numa pequena casa da então Rua da Praia, iniciando desta forma uma assistência mais permanente aos mais carenciados.
Em 23 de Fevereiro de 1953, após doença prolongada, Padre Abílio Mendes morre no Hospital de S. Luís dos Franceses, como o mais pobre dos seus paroquianos.”
Depois da sua morte, a Sopa dos Pobres teve continuidade e maior índice de abrangência, com a atividade desenvolvida pelo Centro Paroquial de Assistência Padre Abílio Mendes. Esta foi uma forma de se institucionalizar o trabalho iniciado por este pároco do Barreiro.
Deste modo, em Março de 1956 foram aprovados os estatutos deste Centro, como Instituição Particular de Assistência, com as vertentes de
“ Sopa e Albergue dos Pobres”. As suas instalações tiveram lugar no 1º andar do nº 50 da Praça de Stª Cruz.
A partir desta altura, também por iniciativa deste Centro, foram construídas habitações destinadas a pessoas carenciadas, em terrenos cedidos pela Câmara Municipal do Barreiro e por João Nicola Covacich, beneficiando da atribuição de alguns subsídios pelo Estado.
Em Maio de 1969, e devido às questões sociais que foram tendo lugar no Barreiro, surgiu a necessidade
de a Instituição dar outro tipo de apoio, muito mais abrangente. Foram, então, aprovados os seus novos estatutos, segundo os quais se passaria a denominar e a reger como Centro Social Paroquial Padre Abílio Mendes.